Dar limites é importante?
Limites são importantes? Qual sua baliza para colocá-los? Como os limites são colocados na sua casa? Você tem dificuldade ou facilidade para colocar limites?
Essas são questões importantes e mais uma das tantas que a gente acha que são sobre os nossos filhos. Mas a verdade é que essas questões dizem muito sobre nós. O que é limite na minha casa pode não ser na sua e isso depende muito das pessoas que somos, dos valores que temos.
Independentemente da fluidez do que possa ser limite para mim e para você, é fato que limites são fundamentais. E são fundamentais porque dão contorno, dão margem e dão segurança para as crianças. Colocar limites é também mostrar que amamos nossxs filhxs.
Os limites funcionam melhor quando revelados com antecedência e acordados. E, principalmente, quando a gente se respeita. Porque uma relação respeitosa não quer dizer apenas que precisamos respeitar nossxs filhxs, mas que também precisamos nos respeitar e nos colocar de forma clara.
O modelo da Parentalidade Positiva, desenvolvido pela portuguesa Magda Gomes Dias, diz que nossxs filhxs merecem ser tratados com dignidade e amor. E a dignidade vem primeiro porque isso significa que se é tratado com base na verdade e de forma generosa.
E o que significa dizer que as crianças precisam ser tratadas com base na verdade? Significa que precisamos, a todo momento, explicar-lhes o porquê das coisas.
Diga de forma clara o que você espera dx seu(ua) filhx e tenha certeza que elx entendeu. Se achar necessário, peça para a criança repetir.
Lembre que as frustrações estão aí – as que afetam nossxs filhxs e as que nos afetam. Elas não vão parar de surgir. Então, precisamos estar atentxs ao modo como as gerimos. Já percebeu que o modo como lidamos com as frustrações dxs nossxs filhxs pode ser a nossa maior frustração?
Uma saída para lidar de forma mais saudável com essas situações é dizer claramente como se sente. Um exemplo:
“Você grita o tempo todo! Pare já! Está me incomodando, chega!”
“Fico incomodada quando você grita. Pare, por favor”.
(Claro que é importante estar atendo ao tom de voz. Na segunda frase, fale de forma firme e gentil).
Quando nos respeitamos e nos colocamos com clareza (e isso implica um certo grau de autoconhecimento, repertório e inteligência emocional, assunto para outra coluna…), é impressionante como as crianças tendem a ser mais cooperativas ao entender que seu comportamento afeta o outro.
Como Magda diz em seu livro “Crianças felizes”, “uma criança que vive sem limites é uma criança que percebe o mundo como sendo um lugar inseguro. Mais, aquilo que ela sente é que, se os pais não conseguem colocar limites claros, então, provavelmente não conseguem protegê-la. E é este sentimento de proteção que dá segurança aos filhos. Embora possa parecer um paradoxo, a ausência de limites é terrivelmente assustadora para uma criança”.
Dentro de limites, a criança tem liberdade para transitar e, assim, se sente segura para explorar. Pais e filhxs têm funções diferentes. Os adultos têm como missão ensinar, proteger, educar. Os pais devem ser autoridade para xs seus(uas) filhxs dentro e fora de casa. O autoritarismo é um abuso de poder. E, como diz a Magda, “o autoritarismo é uma espécie de birra dos pais e, com franqueza, é mais difícil lidar com as birras dxs adultxs e geri-las do que as dxs pequenxs”.
Já que estamos falando em limites, o que nos remete à ideia de obediência, que tal mudarmos nosso esquema mental e começarmos a falar em cooperação em vez de obediência? #ficaadica!

Leia os demais textos da Lia Vasconcelos sobre parentalidade positiva.