O Dia das Crianças é o novo Dia dos Adultos
Sábado passado, 12 de Outubro foi dia de Nossa Senhora aparecida, padroeira do Brasil, e também Dia das Crianças!
Confesso ter me sentindo um pouco deixada de lado. Não sou uma pessoa muito religiosa, não tenho filhos e infelizmente não sou mais criança. Assim, não me restavam muitos motivos para comemorar.
Que chatice, mais um dia de adulto para mim! Foi aí que atinei que as datas não foram pensadas apenas para serem comemoradas, mas também uma forma que encontramos para rememorar algo. É como se as ‘datas especiais’ nos dessem uma licença poética em meio às nossas rotinas atarefadas para recordar um momento singular ou uma forma de estar no mundo que nos é valiosa. Junto com estas lembranças se tem dores e delícias e tirar um momento para refletir sobre estes aspectos é o que nos dá motivos para celebrar!
Talvez o dia das crianças seja mais importante para os adultos do que para as próprias crianças. Afinal, todos nós sabemos que dia da criança é todos os dias! Em contrapartida, quem já adulteceu sabe como é uma fase difícil e parece que nenhum dia é para os adultos.
Com as inúmeras responsabilidades e demandas, muitas vezes endurecemos e esquecemos de olhar a vida com leveza. O desconhecido nos assusta e não mais encanta. Ser espontâneo e sincero é quase um defeito. Não podemos perder tempo, não podemos vacilar, não podemos não saber.
Será que ser adulto é tudo isso mesmo?
Me pergunto se ‘ser adulto’ não pode ser mais um estado de espírito que devemos encarnar de vez em quando para poder ‘fazer acontecer’ do que um cargo fixo que temos que encarar com tanta seriedade. E tá aí o dia das crianças para nos lembrar disso!
Como sempre, essa reflexão toda fica muito melhor colocada nas palavras de uma artista. Deixo como meu presente de Dia das Crianças para todos os adultos, o samba de Gonzaguinha, ‘O que é? O que é?” :
Letra:
Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita
No gogó!
Viver
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz
Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita
Viver
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz
Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita
E a vida
E a vida o que é?
Diga lá, meu irmão
Ela é a batida de um coração
Ela é uma doce ilusão, ê ô!
Mas e a vida
Ela é maravilha ou é sofrimento?
Ela é alegria ou lamento?
O que é? O que é?
Meu irmão
Há quem fale
Que a vida da gente
É um nada no mundo
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo
Há quem fale
Que é um divino
Mistério profundo
É o sopro do criador
Numa atitude repleta de amor
Você diz que é luta e prazer
Ele diz que a vida é viver
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é
E o verbo é sofrer
Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser
Sempre desejada
Por mais que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte
E a pergunta roda
E a cabeça agita
Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita
Viver
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz
Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita