Os brinquedos e as crianças: Pião, peteca, bola, bambolê e corda
O brinquedo é uma extensão do nosso corpo. Para girar um pião, por exemplo, a criança não usa apenas as mãos. Ela precisa acionar o corpo inteiro, prepará-lo, ter uma intenção corporal para fazer a mágica acontecer, e o pião girar e começar a dançar.
O pião é mágico, hipnotiza a criança com a velocidade dos seus movimentos, e sua permanência girando. Muitas crianças, espontaneamente, deixam o corpo girar como se fosse um pião, e de repente, corpo e pião se confundem e se tornam uma coisa só.
O adulto pode otimizar essa brincadeira corporal desafiando a criança a girar com o bumbum ou com a barriga no chão, de joelhos e com as costas apoiadas, usando os pés para girar o corpo. Também é possível imitar o pião de pé, girando com os braços abertos, ou como o Saci Pererê, girando e pulando em um pé só. Pode-se também brincar em dupla, segurando a mão da criança, girando-a inicialmente devagar e depois acelerando até cair no chão de tanta tontura. Aliás… As crianças adoram essa sensação.
A brincadeira pode também tornar-se coletiva, com amigos, irmãos, primos, tios, fazendo uma grande roda entoando a cantiga popular “Roda Pião” (O Pião entrou na roda, o pião! /O Pião entrou na roda, o pião! /Roda pião, bambeia pião!)
Outro brinquedo que convida a uma verdadeira dança é a peteca.
Em dupla ou em grupo, fica nítido a dança que se cria durante a brincadeira. Pulamos para alcançar a peteca, nos jogamos no chão, levantamos e corremos para não perdê-la. É muito lindo ver crianças e adultos brincando de peteca, pois criam assim uma dança livre e espontânea.
A bola é um brinquedo universal. Existe em muitas culturas e lugares, de todos os tamanhos e pesos - hoje em dia, até mesmo a bola de pilates se transforma em brinquedo.
As bolas são confeccionadas com diferentes materiais, como borracha, plástico e até de meia. Não importa, é sempre um grande brinquedo para as crianças que poderá ser usado de muitas formas. Um exemplo é uma brincadeira antiga, mas que faz sucesso até hoje e se chama “Ordem”. Com a bola nas mãos, você fica de frente para uma parede, a uns dois metros de distância. Joga a bola contra a parede e a pega de volta diversas vezes, executando os movimentos ditados pelas “ordens” dadas por essa música: “Ordem / seu lugar / sem rir / sem falar / com uma mão / com a outra / em um dos pés / no outro / bate palma / gira / e cai”. Criando assim, movimentos diferentes que se assemelham a uma dança..
E como falar de bola sem lembrar do futebol? Impossível! Esse esporte é puro swing. Quando fazemos a brincadeira de bobinho, que uma pessoa fica no meio e tem que tentar pegar a bola, além de ser muito divertido e engraçado, é um desafio corporal, cheio de movimentos diferentes.
Outra brincadeira corporal divertida e fácil é: ao som de uma música instrumental e uma corda - inspirando-se nas apresentações dos circos- as crianças colocam a corda bem esticada no chão e a partir daí podem enfrentar vários desafios como;
- Equilibrar-se em cima
- Andar de costas
- Andar de lado
- Inventar um jeito diferente de andar sobre a corda
- Pular de um lado para o outro com os 2 pés sem encostar na corda
- Pular usando as mãos
- Pular de forma livre, criando movimentos
- Dançar em cima da corda
- Segurar uma ponta da corda em cada mão e dançar, improvisando como se tivesse asas ou com uma capa
Também podem brincar de:
- Pular corda
- Fazer cabo de guerra
- Dançar em dupla
- Fazer estátua quando a música para
- Enrolar-se na corda e deitar em cima
Usar o bambolê também é uma brincadeira interessante que faz movimentar muitas partes do corpo como pescoço, barriga, joelho, pé e braço. Pode-se brincar sozinho ou em dupla de mãos dadas e rodar nos braços, devagar ou rápido e até andando.
Existem muitas brincadeiras que podemos fazer utilizando o bambolê como a do coelhinho sai da toca, rodá-lo como se fosse um pião, jogá-lo como se fosse um pneu e correr para pegá-lo, ou segurá-lo com as duas mãos e criar uma linda dança.
E assim podemos observar o quanto o corpo, interagindo com esses brinquedos, constrói uma dança. E brincando com a dança, o corpo vira o próprio brinquedo.
