Empatia no mundo das telas

Empatia é o processo de colocar-se no lugar do outro, de sentir com outro e solidarizar-se com sua dor.
Podemos dizer que empatia e diversidade caminham juntas, pois só consigo ser empático se consigo enxergar o outro em sua singularidade e diferença.
Empatia é um sentimento. E sentimentos não são ensinados, são domesticados, compreendidos, digeridos e transformados.
Os sentimentos são frutos das vivências e relações estabelecidas ao longo da nossa vida, através das nossas relações, primeiro na família, depois na coletividade.
Desde a mais tenra infância, por meio da educação que recebemos, dos pais e da escola, somos conduzidos ao mundo social, aprendendo a conviver com as outras pessoas e com as diferenças.
Desenvolver a empatia é um processo complexo e longo, implicando, muitas vezes, repressão e abdicação de desejos. Porque ser empático pressupõe enxergar a existência do outro, da realidade, dos nossos limites e de nossa impotência.
Nós, seres humanos, precisamos do outro para a construção de nossa identidade e para nossa
sobrevivência, física e emocional. Mas, estar com o outro nunca foi tarefa fácil. No mundo atual tal tarefa tornou-se ainda mais difícil
Quem é o outro para o sujeito contemporâneo no mundo das telas?
Como criar laços de identificação e se tornar empático quando o outro é a internet, o Google, as mídias sociais? Esses espaços voláteis, de compromisso ético e emocional efêmero.
Escondidos atrás das telas, nossos filhos, na redoma dos nossos lares, aparentemente protegidos do mundo externo, do diferente, que tanto nos assusta, podem estar sendo expostos a outras formas de hostilidades.
Como, então, ajudar as crianças e os adolescentes a se tornarem empáticos?
Penso que nós, pais, professores ou terapeutas, temos que nos colocar como modelo de um outro disponível, no qual se possa confiar e dar as mãos, para delicadamente, ir adentrando nas margens do mundo. Mundo esse que nos assusta pela sua imensidão e diferenças. Mundo esse, também, que tanto nos atrai pelas suas inúmeras aventuras e possibilidades. Tornar-se empático é não ter medo de se conhecer, de lidar com nossos limites, estranhezas e incompletudes. Aceitando-nos, podemos acolher o outro, sem julgamento e sem idealizações.